terça-feira, 13 de agosto de 2013

A Psicologia nos nossos dias – O dinheiro não é tudo?


O dinheiro é um meio de troca, usado na forma de moedas ou notas,utilizado para a compra de bens, serviços e transações financeiras. Permite-nos ou facilita-nos o acesso a esses bens e serviços, que cada vez mais valorizamos e sentimos necessidade de ter.
Difícil de definir, já que o seu significado é construido com base nas experiências e histórias de aprendizagem de cada um, dentro de um contexto cultural específico.
Presentemente, parece que estamos aprisionados à nossa condição financeira, sendo complicado sermos felizes quando não temos dinheiro. Vivemos obcecados com a chegada do fim do mês, os pagamentos que temos de fazer amanhã e as prestações que caem no dia seguinte.
O ter ou não ter dinheiro tem uma representação social e psicológica. Socialmente, é sinónimo de poder, prestígio e sucesso, quando existe capacidade financeira. Em contrapartida, a sua ausência pode ser associada ao fracasso e a uma menor aceitabilidade e estatuto social, independentemente do esforço e dos investimentos profissionais que fazemos. Psicológicamente, também há diferenças mediante o nível económico em que a pessoa sente que se encaixa, ou seja, situações de carência económica, não raras as vezes, conduzem à vergonha, à insegurança e ao desconforto emocional. Enquanto que, quando existe suporte financeiro, mais facilmente se atinge a sensação de bem-estar e realização.
O que podemos fazer para combater ambas as representações? Depende de nós. Depende de nós a adoção de uma postura diferente em relação ao dinheiro. Será importante olharmo-nos e olhar os outros não em função desta característica, mas sim de acordo com o esforço, perseverança e capacidade de afirmação que evidenciamos e que captamos dos outros que nos rodeiam.
Neste domínio, é igualmente relevante a consciência e o planeamento dos nossos recursos económicos. Quem não tem dificuldade em planear o seu orçamento mensal? Acreditamos que não serão muitas pessoas. Até porque, é comum encontrarmos pessoas que gerem erradamente este mesmo orçamento. Muitas vezes tomando decisões precipitadas e desajustadas da realidade económica que possuem.  Assim, devemos analisar, conscientemente, a nossa situação, ponderando as decisões que tomamos e definindo até onde podemos ir. Desta forma, estamos a prevenir posturas que envolvam gastos supérfulos e excessivos, mas também, aquelas em que há um rígido controlo orçamental. Esta última referência, prende-se com aquelas situações em que limitamos todas as nossas atividades de lazer, na busca da sensação de controlo e segurança face a situações futuras inesperadas e/ou de maior precariedade.
Podemos ter uma vida mais preenchida mesmo quando o dinheiro é limitado? Claro que podemos. No entanto, quando os recursos são escassos, tendemos a sentirmo-nos desanimados e desalentados, o que limita a procura de outras alternativas que nos provocam bem-estar e que não abrangem custos ou acartam custos reduzidos.
Se olharmos o dinheiro enquanto recurso externo e atendermos ao seu carácter variável, facilmente percebemos que quando ficamos privados do mesmo, devemos apelar à nossa criatividade e recursos internos para atingir a realização pessoal e profissional. 

Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 2 de Agosto de 2013