quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Amor acontece quando…aprender a viver o “nós”


O Ser Humano é por natureza um ser social e relacional, cuja existência ganha sentido dentro das relações que vai construindo ao longo da sua vida. A tal ponto que, amar e ser amado é algo essencial e fundamental para a felicidade e harmonia dos seres humanos.
Ao longo do nosso desenvolvimento vamos investindo nas relações com outros, procurando suprir as nossas necessidades através da partilha e buscando afinidades com os demais. Procuramos sentirmo-nos úteis perto de outras pessoas, assim como reconhecidos e valorizados.
Quando atingimos determinada maturidade emocional e desenvolvimento sexual, centramos a nossa atenção na procura de uma relação amorosa de maior intimidade, onde o compromisso deve assentar na confiança e no respeito. Reconhecemos a importância de haver espaço para o “eu” e para o “tu”, mas iniciamos a construção de um novo elemento, o “nós”. Neste sentido, é importante que cada um mantenha a sua individualidade. Apostar numa relação íntima e permitirmo-nos a amar é fundamental para nos sentirmos emocionalmente realizados. Devemos ser realistas, desconstruindo, muitas vezes, a imagem idealizada que temos dos relacionamentos e dos parceiros, assim como perceber que ninguém é perfeito. Esta última consideração é de extrema importância, já que permite evitar a desilusão e o desencanto e, em alguns momentos, a precaver-nos de ser demasiado exigentes com o nosso companheiro. A aceitação do outro e a consciência das nossas limitações e potencialidades são ingredientes primários para o sucesso de uma relação.
Entre o casal, acreditamos que deve existir uma comunicação honesta, que permita falar abertamente sobre as diferenças individuais, os sentimentos, os desejos e as necessidades e, por último, as dificuldades e os medos sentidos pelos dois. Quando esta comunicação está comprometida, facilmente nos anulamos ou anulamos o outro, não permitindo a evolução da relação. O silêncio e a dificuldade em escutar o outro levam ao desconforto e à irritação interna, sendo algo destrutivo numa relação.
Numa relação a dois há momentos de crise, há altos e baixos. No entanto, é a disponibilidade para procurar soluções e resolver os problemas que distingue um casal que quer progredir de um casal que se acomodou e não está capaz de se aceitar e se ajudar a crescer. Nestes momentos, é crucial que haja tolerância de parte a parte, devendo ser cada um, o suporte afetivo do outro. Por vezes, recorrer a ajuda profissional especializada é um recurso, facilitando momentos de verdadeira escuta e assumindo-se compromissos conjuntos que favoreçam a melhoria da relação.
Assim, precisamos de estar alerta, de ser capazes de questionar, de pensar e de avaliar se a nossa relação nos faz feliz e nos realiza. Esta análise, corajosa e inteligente, ajuda-nos a traçar o nosso caminho de forma consciente e segura, facilitando tomadas de decisão nem sempre fáceis – como o terminar de uma relação ou o adotar uma diferente postura e atitude – mas importantes para um futuro mais feliz.

Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 2 de Novembro de 2012