O
Ser Humano é por natureza um ser social e relacional, cuja existência ganha
sentido dentro das relações que vai construindo ao longo da sua vida. A tal
ponto que, amar e ser amado é algo essencial e fundamental para a felicidade e
harmonia dos seres humanos.
Ao
longo do nosso desenvolvimento vamos investindo nas relações com outros, procurando
suprir as nossas necessidades através da partilha e buscando afinidades com os
demais. Procuramos sentirmo-nos úteis perto de outras pessoas, assim como
reconhecidos e valorizados.
Quando
atingimos determinada maturidade emocional e desenvolvimento sexual, centramos
a nossa atenção na procura de uma relação amorosa de maior intimidade, onde o
compromisso deve assentar na confiança e no respeito. Reconhecemos a
importância de haver espaço para o “eu” e para o “tu”, mas iniciamos a
construção de um novo elemento, o “nós”. Neste sentido, é importante que cada
um mantenha a sua individualidade. Apostar numa relação íntima e permitirmo-nos
a amar é fundamental para nos sentirmos emocionalmente realizados. Devemos ser
realistas, desconstruindo, muitas vezes, a imagem idealizada que temos dos
relacionamentos e dos parceiros, assim como perceber que ninguém é perfeito.
Esta última consideração é de extrema importância, já que permite evitar a
desilusão e o desencanto e, em alguns momentos, a precaver-nos de ser demasiado
exigentes com o nosso companheiro. A aceitação do outro e a consciência das
nossas limitações e potencialidades são ingredientes primários para o sucesso
de uma relação.
Entre
o casal, acreditamos que deve existir uma comunicação honesta, que permita
falar abertamente sobre as diferenças individuais, os sentimentos, os desejos e
as necessidades e, por último, as dificuldades e os medos sentidos pelos dois. Quando
esta comunicação está comprometida, facilmente nos anulamos ou anulamos o outro,
não permitindo a evolução da relação. O silêncio e a dificuldade em escutar o
outro levam ao desconforto e à irritação interna, sendo algo destrutivo numa relação.
Numa
relação a dois há momentos de crise, há altos e baixos. No entanto, é a
disponibilidade para procurar soluções e resolver os problemas que distingue um
casal que quer progredir de um casal que se acomodou e não está capaz de se
aceitar e se ajudar a crescer. Nestes momentos, é crucial que haja tolerância
de parte a parte, devendo ser cada um, o suporte afetivo do outro. Por vezes,
recorrer a ajuda profissional especializada é um recurso, facilitando momentos
de verdadeira escuta e assumindo-se compromissos conjuntos que favoreçam a
melhoria da relação.
Assim,
precisamos de estar alerta, de ser capazes de questionar, de pensar e de
avaliar se a nossa relação nos faz feliz e nos realiza. Esta análise, corajosa
e inteligente, ajuda-nos a traçar o nosso caminho de forma consciente e segura,
facilitando tomadas de decisão nem sempre fáceis – como o terminar de uma
relação ou o adotar uma diferente postura e atitude – mas importantes para um
futuro mais feliz.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 2 de Novembro de 2012