A palavra que mais ouvimos atualmente é “crise”, crise económica, crise social, crise política, crise de identidade, etc. Vivemos num cenário de incerteza e desconfiança e olhamos a “crise” como algo negativo, como uma situação que nos coloca desesperançados e desanimados face ao futuro. No entanto, podemos olhar para o outro lado da “crise”, encarando-a como a possibilidade de darmos um primeiro passo para a mudança e como a oportunidade de construirmos o nosso próprio caminho, respondendo às nossas necessidades e capacidades reais.
É imprescindível percebermos de que forma, no contexto atual do nosso País, podemos ultrapassar as nossas barreiras e dificuldades. Devemos partir do pressuposto de que já não existem empregos vitalícios, urgindo a necessidade de adquirirmos novas posturas, mudarmos mentalidades e fazermos um esforço de adaptação.
Neste seguimento, queremos destacar a capacidade de sermos empreendedores. Esta atitude empreendedora representa a nossa capacidade para criar e inovar, para utilizarmos os recursos que estão à nossa disposição, aceitando a possibilidade de correr riscos e de poder falhar. Importa persistir e não desistir à primeira contrariedade, transformando as “crises” em oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Todos nós temos competências, capacidades e interesses orientados para determinada área e/ou áreas de atividade. É essencial, para sermos bons empreendedores, que sejamos apaixonados por aquilo que fazemos, sendo que devemos refletir sobre aquilo que mais gostamos de fazer e para o que temos mais competências de forma a podermos avançar para um novo projeto. Esta é a base para se conseguir a motivação necessária para realizar as tarefas e ações indispensáveis à concretização dos nossos objetivos, independentemente dos obstáculos que possam surgir. Por outro lado, é necessário ter consciência que para ser empreendedor temos de correr riscos, riscos controlados, anulando a impulsividade e a desorganização no momento de empreender. Torna-se então fundamental planearmos e analisarmos cuidadosamente os riscos e os benefícios de determinada ação, minimizando o fator surpresa nas nossas tomadas de decisão.
É igualmente importante valorizarmos as relações interpessoais e profissionais. Se pensarmos em avançar para um novo projeto ou ideia, avançar em parceria com um outro ou outros, funciona como uma forma de compartilhar riscos, pensar em conjunto e usar as competências de cada um para atingirmos os nossos objetivos. A figura do “outro” assume-se como o veículo para o nosso próprio desenvolvimento.
Concluimos que a auto-reflexão, a capacidade para correr riscos calculados, a persistência e o ênfase nas práticas sociais, são estratégias a adotar para um crescimento pessoal e profissional saudável, adaptado às exigências atuais, facto que nos permitirá fazer face às nossas dificuldades e investir em nós próprios.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 31 de Agosto de 2012