Todas as emoções desempenham
um papel e existem com um fundamento. Assim acontece com ansiedade, que todos
experimentamos em determinados momentos da nossa vida, quando temos uma
entrevista de emprego, quando temos de falar em público, quando nos preocupamos
com a segurança dos nossos filhos, entre outras. A ansiedade não é mais do que
a resposta do organismo a um possível perigo ou ameaça. É uma reação vital e
automática, que nos permite ser capazes de agir de forma imediata, quando somos
confrontados com um perigo.
Nesses momentos, em que
sentimos que de alguma forma estamos perante situações que podem pôr em risco a
nossa integridade física ou emocional, sentimos ansiedade. É a antecipação
dessa possibilidade de ameaça à nossa integridade, que nos faz sentir ansiosos.
Mas se tal não acontecesse, não nos mobilizávamos no sentido de diminuir as
probabilidades de algo correr mal. Não nos preparávamos para a entrevista de
emprego, não redobrávamos a nossa atenção em relação aos nossos filhos, não nos
preparávamos o melhor possível para falar em público, entre tantas outras
situações.
No entanto, nem toda a
ansiedade funciona em nosso benefício, até porque quando atinge determinados
níveis considerados patológicos, passa a ser prejudicial. Nem sempre o
julgamento que fazemos das situações é o mais adequado e, em muitas pessoas, a
vivência de ansiedade passa a ser um estado permanente, sem razão aparente, que
se instala. Neste seguimento, defendemos que é a interpretação dos nossos
sintomas físicos (p.e. aceleração do batimento cardíaco, tensão muscular,
sudação, etc.) e a valorização que fazemos desses mesmos sintomas que, não
raramente desencadeiam uma ansiedade patológica. Daí que, a consciência das reações
físicas e emocionais desagradáveis, podem levar ao receio perante os próprios
sintomas, ainda mais do que a situação que os provoca.
Constata-se que, estas
situações muitas vezes paralisam o funcionamento normal dos indivíduos,
conduzindo ao evitamento de locais, situações e pessoas que outrora causaram
ansiedade. Aqui, encontramo-nos perante quadros de ansiedade patológica. Nestes
casos, assume-se como realmente importante, a procura de um profissional de
saúde mental, que através do suporte emocional e cognitivo, apoiará os pacientes
na correção de formas distorcidas de pensar acerca de si próprio e a lidarem
com as suas limitações e medos. Este acompanhamento especializado, visa potenciar
respostas e posturas mais assertivas no confronto com a realidade.
Terminamos referindo que a
ansiedade não é algo que desapareça das nossas vidas, é um estado emocional
precioso e de grande importância para a realização do ser humano, que nos põe
em alerta, e quando bem gerida funciona a nosso favor.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 1 de Fevereiro de 2013