sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A Psicologia nos nossos dias – A ansiedade que nos mobiliza ou nos bloqueia


Todas as emoções desempenham um papel e existem com um fundamento. Assim acontece com ansiedade, que todos experimentamos em determinados momentos da nossa vida, quando temos uma entrevista de emprego, quando temos de falar em público, quando nos preocupamos com a segurança dos nossos filhos, entre outras. A ansiedade não é mais do que a resposta do organismo a um possível perigo ou ameaça. É uma reação vital e automática, que nos permite ser capazes de agir de forma imediata, quando somos confrontados com um perigo.
Nesses momentos, em que sentimos que de alguma forma estamos perante situações que podem pôr em risco a nossa integridade física ou emocional, sentimos ansiedade. É a antecipação dessa possibilidade de ameaça à nossa integridade, que nos faz sentir ansiosos. Mas se tal não acontecesse, não nos mobilizávamos no sentido de diminuir as probabilidades de algo correr mal. Não nos preparávamos para a entrevista de emprego, não redobrávamos a nossa atenção em relação aos nossos filhos, não nos preparávamos o melhor possível para falar em público, entre tantas outras situações.
No entanto, nem toda a ansiedade funciona em nosso benefício, até porque quando atinge determinados níveis considerados patológicos, passa a ser prejudicial. Nem sempre o julgamento que fazemos das situações é o mais adequado e, em muitas pessoas, a vivência de ansiedade passa a ser um estado permanente, sem razão aparente, que se instala. Neste seguimento, defendemos que é a interpretação dos nossos sintomas físicos (p.e. aceleração do batimento cardíaco, tensão muscular, sudação, etc.) e a valorização que fazemos desses mesmos sintomas que, não raramente desencadeiam uma ansiedade patológica. Daí que, a consciência das reações físicas e emocionais desagradáveis, podem levar ao receio perante os próprios sintomas, ainda mais do que a situação que os provoca.
Constata-se que, estas situações muitas vezes paralisam o funcionamento normal dos indivíduos, conduzindo ao evitamento de locais, situações e pessoas que outrora causaram ansiedade. Aqui, encontramo-nos perante quadros de ansiedade patológica. Nestes casos, assume-se como realmente importante, a procura de um profissional de saúde mental, que através do suporte emocional e cognitivo, apoiará os pacientes na correção de formas distorcidas de pensar acerca de si próprio e a lidarem com as suas limitações e medos. Este acompanhamento especializado, visa potenciar respostas e posturas mais assertivas no confronto com a realidade.
Terminamos referindo que a ansiedade não é algo que desapareça das nossas vidas, é um estado emocional precioso e de grande importância para a realização do ser humano, que nos põe em alerta, e quando bem gerida funciona a nosso favor.

Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 1 de Fevereiro de 2013