O período da adolescência, que se situa entre
a infância e a idade adulta, caracteriza-se pelo enfoque na conquista de
autonomia, afirmação pessoal e social, e pela construção de uma identidade
sexual. Neste estádio, o adolescente começa a investir afetivamente no seu
grupo de pares e a distanciar-se dos seus cuidadores, na procura de uma maior
independência. Começa a manifestar uma maior necessidade de estar com os amigos,
procurando a aceitação destes e um sentido de pertença, iniciando a exploração
da sexualidade. A adolescência é a fase das dúvidas e das descobertas,
tratando-se de um momento de confronto com grandes desafios inerentes à
sexualidade, nomeadamente, inicia-se o processo de orientação sexual que se
estende até à idade adulta. Acontecem as primeiras experiências amorosas e sexuais
à medida que os adolescentes vão amadurecendo física e psicologicamente.
Através da exploração do corpo, dos sentimentos e de tentativas de envolvimento
afetivo e emocional, o jovem vai afirmando a sua individualidade. Esta construção
de uma identidade sexual assenta num processo caracterizado por um leque de
mudanças e desafios, de exploração e experimentação, de sonhos e fantasias. Criam-se
laços ora fortes ora ténues e vive-se a paixão intensamente. Como podemos
entender, a complexidade inerente a esta etapa prende-se com uma série de transformações
a nível biopsicossocial. Tendo em conta o contexto sociocultural em que o
adolescente está inserido, a referida transformação obriga à resolução de processos
internos de construção da própria identidade, suas relações com os outros e,
consequentemente, à procura do seu lugar no mundo. Passam por todas estas
alterações sem que o tenham desejado, no entanto, biológica e culturalmente, são
induzidos para as mudanças, podendo não estar suficientemente preparados. Por
esta razão, o adolescente torna-se mais vulnerável a riscos no domínio da
sexualidade, como a gravidez indesejada e a contração de doenças sexualmente
transmissíveis. Assim, devemos facultar aos jovens a oportunidade de pensar a
sexualidade, discutindo conceitos como a integridade e disponibilizando
informações acerca da sua importância e consequências. A educação sexual
promove uma maior consciência nas tomadas de decisão, facilitando a desconstrução
de mitos e tabus, assim como, um maior conhecimento acerca das doenças
sexualmente transmissíveis e conceitos como a amizade e o amor.
Neste sentido, a
sexualidade deve ser vista como parte integrante da vida do ser humano, favorecendo
a afetividade, a comunicação e sendo fonte de prazer entre as pessoas. Desta
forma, cada um deve construir o seu próprio guião sexual, definindo quando,
como e com quem vai criando e percebendo a sua sexualidade individual.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 30 de Maio de 2013