terça-feira, 25 de junho de 2013

A Psicologia nos nossos dias: Sexualidade na Adolescência


O período da adolescência, que se situa entre a infância e a idade adulta, caracteriza-se pelo enfoque na conquista de autonomia, afirmação pessoal e social, e pela construção de uma identidade sexual. Neste estádio, o adolescente começa a investir afetivamente no seu grupo de pares e a distanciar-se dos seus cuidadores, na procura de uma maior independência. Começa a manifestar uma maior necessidade de estar com os amigos, procurando a aceitação destes e um sentido de pertença, iniciando a exploração da sexualidade. A adolescência é a fase das dúvidas e das descobertas, tratando-se de um momento de confronto com grandes desafios inerentes à sexualidade, nomeadamente, inicia-se o processo de orientação sexual que se estende até à idade adulta. Acontecem as primeiras experiências amorosas e sexuais à medida que os adolescentes vão amadurecendo física e psicologicamente. Através da exploração do corpo, dos sentimentos e de tentativas de envolvimento afetivo e emocional, o jovem vai afirmando a sua individualidade. Esta construção de uma identidade sexual assenta num processo caracterizado por um leque de mudanças e desafios, de exploração e experimentação, de sonhos e fantasias. Criam-se laços ora fortes ora ténues e vive-se a paixão intensamente. Como podemos entender, a complexidade inerente a esta etapa prende-se com uma série de transformações a nível biopsicossocial. Tendo em conta o contexto sociocultural em que o adolescente está inserido, a referida transformação obriga à resolução de processos internos de construção da própria identidade, suas relações com os outros e, consequentemente, à procura do seu lugar no mundo. Passam por todas estas alterações sem que o tenham desejado, no entanto, biológica e culturalmente, são induzidos para as mudanças, podendo não estar suficientemente preparados. Por esta razão, o adolescente torna-se mais vulnerável a riscos no domínio da sexualidade, como a gravidez indesejada e a contração de doenças sexualmente transmissíveis. Assim, devemos facultar aos jovens a oportunidade de pensar a sexualidade, discutindo conceitos como a integridade e disponibilizando informações acerca da sua importância e consequências. A educação sexual promove uma maior consciência nas tomadas de decisão, facilitando a desconstrução de mitos e tabus, assim como, um maior conhecimento acerca das doenças sexualmente transmissíveis e conceitos como a amizade e o amor.
Neste sentido, a sexualidade deve ser vista como parte integrante da vida do ser humano, favorecendo a afetividade, a comunicação e sendo fonte de prazer entre as pessoas. Desta forma, cada um deve construir o seu próprio guião sexual, definindo quando, como e com quem vai criando e percebendo a sua sexualidade individual.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 30 de Maio de 2013