O dinheiro é um meio de troca, usado na forma de moedas ou notas,utilizado
para a compra de bens, serviços e transações financeiras. Permite-nos ou
facilita-nos o acesso a esses bens e serviços, que cada vez mais valorizamos e
sentimos necessidade de ter.
Difícil de definir, já que o seu significado é construido com base nas
experiências e histórias de aprendizagem de cada um, dentro de um contexto
cultural específico.
Presentemente, parece que estamos aprisionados à nossa condição
financeira, sendo complicado sermos felizes quando não temos dinheiro. Vivemos
obcecados com a chegada do fim do mês, os pagamentos que temos de fazer amanhã
e as prestações que caem no dia seguinte.
O ter ou não ter dinheiro tem uma representação social e psicológica.
Socialmente, é sinónimo de poder, prestígio e sucesso, quando existe capacidade
financeira. Em contrapartida, a sua ausência pode ser associada ao fracasso e a
uma menor aceitabilidade e estatuto social, independentemente do esforço e dos
investimentos profissionais que fazemos. Psicológicamente, também há diferenças
mediante o nível económico em que a pessoa sente que se encaixa, ou seja,
situações de carência económica, não raras as vezes, conduzem à vergonha, à
insegurança e ao desconforto emocional. Enquanto que, quando existe suporte
financeiro, mais facilmente se atinge a sensação de bem-estar e realização.
O que podemos fazer para combater ambas as representações? Depende de
nós. Depende de nós a adoção de uma postura diferente em relação ao dinheiro. Será
importante olharmo-nos e olhar os outros não em função desta característica, mas
sim de acordo com o esforço, perseverança e capacidade de afirmação que
evidenciamos e que captamos dos outros que nos rodeiam.
Neste domínio, é igualmente relevante a consciência e o planeamento dos
nossos recursos económicos. Quem não tem dificuldade em planear o seu orçamento
mensal? Acreditamos que não serão muitas pessoas. Até porque, é comum
encontrarmos pessoas que gerem erradamente este mesmo orçamento. Muitas vezes
tomando decisões precipitadas e desajustadas da realidade económica que
possuem. Assim, devemos analisar,
conscientemente, a nossa situação, ponderando as decisões que tomamos e
definindo até onde podemos ir. Desta forma, estamos a prevenir posturas que
envolvam gastos supérfulos e excessivos, mas também, aquelas em que há um
rígido controlo orçamental. Esta última referência, prende-se com aquelas
situações em que limitamos todas as nossas atividades de lazer, na busca da
sensação de controlo e segurança face a situações futuras inesperadas e/ou de
maior precariedade.
Podemos ter uma vida mais preenchida mesmo quando o dinheiro é limitado?
Claro que podemos. No entanto, quando os recursos são escassos, tendemos a
sentirmo-nos desanimados e desalentados, o que limita a procura de outras alternativas
que nos provocam bem-estar e que não abrangem custos ou acartam custos
reduzidos.
Se olharmos o dinheiro enquanto recurso externo e atendermos ao seu
carácter variável, facilmente percebemos que quando ficamos privados do mesmo,
devemos apelar à nossa criatividade e recursos internos para atingir a
realização pessoal e profissional.
Ana Jesus Ferreira
Susana Vaz Martinho
in Jornal de Matosinhos, 2 de Agosto de 2013